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AEDES AEGYPTI-O SUPER MOSQUITO

Depois da febre amarela, da dengue e do chikungunya, mais uma doença causada por vírus e transmitida através da picada do mosquito Aedes aegypti está se espalhando pelo nordeste brasileiro, é o zika vírus. Os sintomas são bem parecidos com o da dengue, entre elas dores de cabeça, dores no corpo e fotofobia (incômodo causado pela luminosidade).

As autoridades de saúde acreditam que o vírus chegou ao Brasil por causa do aumento no número de turistas que visitou o país durante a Copa do Mundo de futebol.

Seguindo o ciclo de transmissão destes vírus, o ser humano é o hospedeiro definitivo, onde a doença se manifesta, e o mosquito é o vetor, que carrega e transmite o vírus para o hospedeiro definitivo, conforme a figura abaixo.


O mosquito transmissor Aedes aegypti não América. Ele chegou ao nosso continente e ao nosso país nos navios que traziam escravos da África. O mosquito é original daquele continente, mais precisamente do Egito, por isso o “aegypti” no seu nome. Ele é muito mais comum em regiões quentes, as zonas tropicais do planeta, mas pode alcançar as regiões temperadas nas estações em que a temperatura é mais alta.

O mosquito A. aegypti é menor do que os mosquitos comuns. Ele é identificado pelo corpo de cor preta e riscos brancos na cabeça, costas e nas pernas. As asas são transparentes e, diferente de outros osquitos, não fazem aquele famoso “zumbido”. O macho não suga sangue e se alimenta apenas de frutas, portanto não é um transmissor de doenças. As fêmeas, ao contrário, precisam se alimentar de sangue porque é ele que ajuda no amadurecimento dos ovos.


O A. aegypti é tipicamente um mosquito de ambiente urbano. Ele se adaptou muito bem às condições fornecidas pelo acúmulo de pessoas. Por isso, a melhor forma de combater as doenças transmitidas por eles é evitar e eliminar os focos e lugares onde eles botam ovos e em que as larvas se desenvolvem. Água parada e limpa, encontrada em garrafas, vasos e caixas d’água, são os locais favoritos para a proliferação dos mosquitos.

Devemos lembrar que os ovos, assim que são colocados pelas fêmeas, podem resistir a períodos secos, eclodindo na primeira chuva. Portanto, a higiene do ambiente doméstico nas cidades é essencial para acabar com a população de mosquitos.


Respondendo suas dúvidas...


Quais são os sintomas das viroses transmitidas pelo Aedes Aegypti?

Dengue-febre, náusea, vômitos, manchas vermelhas no corpo, alteração no paladar, sangramentos, dores nos ossos e articulações, boca seca. Existe a Dengue clássica e a Dengue Hemorrágica. Já tem 4 tipos de vírus detectados.

Chikungunya- febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço. Porém, a grande diferença da febre chikungunya está no seu acometimento das articulações: o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local.

Zika-Os principais sintomas da doença provocada pelo vírus da zika são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular.

Após ser picada por um Aedes infectado, quantos dias se passam até que a pessoa tenha os primeiros sintomas?

Geralmente, os primeiros sintomas aparecem entre 4 e 10 dias após a pessoa ter sido picada. Há casos, no entanto, em que são necessários até 12 dias.

A pessoa que já está com a doença tem que passar repelente? Por que?

Sim. Nos primeiros 5 dias de sintomas, o paciente está com o vírus no sangue. O repelente evita que ele seja picado por outro mosquito e transmita o vírus para este inseto que, por sua vez, poderá atacar e transmitir dengue a outra pessoas.

Pessoas hipertensas ou diabéticas correm maior risco, caso tenham a doença?

Sim. Elas são consideradas grupos de risco para agravamento da doença. Devem procurar imediatamente um médico quando surgirem quaisquer sintomas de dengue. A pessoa deve ainda fazer o acompanhamento médico até a recuperação total.

As larvas do mosquito Aedes aegypti se desenvolvem apenas em água limpa?

Não. As larvas são encontradas também, em menor quantidade, em água suja e até com baixíssima salinidade. Por isso é importante não deixar água acumulada em locais abertos e sem tratamento, como piscinas.

O Aedes também se desenvolve em piscinas?

Só em água de piscinas abandonadas. Se a água for tratada, com pH adequado e clorada, não há qualquer risco de desenvolvimento de larvas do Aedes. É recomendável limpar as bordas das piscinas periodicamente, pois podem servir como depósito para ovos do mosquito.

Os aquários também podem ser criadouros do Aedes?

Não. As larvas dos mosquitos são o prato preferido dos peixes.

Qual remédio posso usar para baixar a febre?

Não use anti-inflamatórios e nenhum antitérmico que contenha ácido acetilsalicílico, como AAS, Aspirina, Melhoral, Doril, Sonrisal, Engov e similares. Consulte sempre um médico para saber o medicamento mais adequado.


O uso do ar condicionado ajuda a afastar o mosquito?

Sim, pois o Aedes não gosta de ambientes frios, porém não é garantia de não ter mosquito no local. A melhor estratégia continua sendo a eliminação de focos.


Algumas dicas...

Evitando os mosquitos


* Proteção mecânica: utilize roupas com as mangas longas e calças compridas. As roupas finas não impedem as picadas, preferir tecidos de trama mais fechada e mais grossos. Evite roupas escuras (atraem mais insetos) e as roupas que ficam muito coladas ao corpo pois elas permitem a picada. O uso de perfumes pode atrair alguns insetos e deve ser evitado nas crianças. Algumas roupas já vem tratadas com substâncias repelentes (geralmente artigos esportivos como camisas para camping e pesca).


* Nos períodos do nascer e do pôr do sol as janelas devem ficar fechadas, o que reduz a entrada de muitos mosquitos. Os mosquitos como o Aedes atacam mais durante as primeiras horas da manhã e no final da tarde, mas podem picar à noite se houver suficiente luz artificial. São encontrados em locais abertos e possuem predileção pelo tornozelo, então a criança deve ser protegida quando está brincando fora de casa, com roupas que cubram esta parte do corpo(2). O uso do ar condicionado ajuda a manter os mosquitos afastados.


* Existem produtos que podem ser utilizados nas roupas como a permetrina 0,5% em spray (para ser aplicada APENAS nas roupas e telas de janelas e NÃO diretamente sobre a pele).


* Instalação de telas e mosquiteiros. Eles podem ser tratados com a permetrina em spray ou alguns já estão disponíveis com a substância com ação repelente.


* A dedetização por empresa especializada reduz a quantidade de mosquitos na casa, mas deve-se seguir todas as orientações de tempo de afastamento da casa e limpeza após a sua realização.


* Os repelentes elétricos (com liberação de inseticidas) são úteis e diminuem a entrada dos mosquitos quando colocados próximos das janelas e portas. Deve-se tomar cuidado com os repelentes líquidos que podem ser retirados da tomada pela criança e acidentalmente ingeridos.


* Aparelhos ultrassônicos ou que emitem luzes não possuem

eficácia comprovada.


* Realizar a limpeza do terreno da casa e, se possível, de terrenos, praças ou casas próximas, além da retirada de lixo e entulhos que possam acumular água parada que servem como local de criação de novos mosquitos.


Uso de repelentes:

Os repelentes tópicos podem ser usados para passeios em locais com maior número de insetos como praias, fazendas e chácaras, não devendo ser utilizado durante o sono ou por períodos prolongados. Eles atuam formando uma camada de vapor com odor que afasta os insetos. Sua eficácia pode ser alterada pela concentração da substância ativa, por substâncias eliminadas pela própria pele, fragrâncias florais, umidade, gênero (menor eficácia em mulheres), de modo que um repelente não protege de maneira igual a todas as pessoas.


* Abaixo de 6 meses - não há estudos nessa faixa etária sobre segurança dos repelentes e extrapola-se o uso dos recomendados para bebês acima de 6 meses em caso de exposição inevitável e com orientação médica.


* Acima dos 6 meses - IR3535 - protege por cerca de 4 horas. É usado na Europa há vários anos e, em concentrações de 20% é eficaz, mas os estudos diferem quanto ao período de ação contra o Aedes aegypti que parece ser muito curto, em torno de 2horas.


* Acima de 2 anos - os que contém DEET são os mais utilizados.

Quanto maior a concentração da substância, mais longa é a duração do seu efeito, mas não devem ser usadas concentrações maiores de 30 a 50%. Uma formulação com 5% de DEET confere proteção por aproximadamente 90 minutos, com 7% de DEET a proteção dura quase 2 horas e com 20% de DEET a proteção é de 5 horas. A concentração máxima para uso em crianças varia de país para país: nos EUA a Academia Americana de Pediatria recomenda concentrações de até 30% para crianças acima de 2 anos. A Sociedade Canadense de Pediatria preconiza repelentes com até 10% de DEET para crianças de 6 meses a 12 anos e autores franceses orientam concentrações de até 30% para crianças entre 30 meses e 12 anos. Há consenso quanto a se evitar a aplicação em crianças enores de 6 meses. A maioria dos repelentes disponíveis no Brasil possuem menos de 10% de DEET.


* Icaridina - em concentrações de 10% confere proteção por 3 a 5 horas e a 20%, de 8 a 10 horas. Deriva da pimenta e permite aplicações mais espaçadas que os repelentes à base de DEET, com eficácia comparável. Parece ser mais potente contra o Aedes Aegypti do que o DEET e o IR3535 e está liberado para uso acima de 2 anos.


* Óleos naturais: são os mais antigos repelentes conhecidos e parecem ter eficácia razoável. Porém, por evaporarem muito rápido, protegem por pouco tempo. Um estudo mostrou que o óleo de soja a 2% conferiu proteção contra o Aedes por quase 1 hora e meia. O óleo de citronela por evaporar muito rápido, fornece proteção muito curta. Óleo de andiroba puro mostrou ser muito menos efetivo que o DEET. Óleo de capim-limão é o mais efetivo dos óleos naturais e seu princípio ativo já foi isolado.


* Esses produtos podem causar reações alérgicas locais e sistêmicas e devem ser usados com cautela e, preferencialmente, com a orientação do Pediatra.


* Atenção ao utilizar pulseiras de citronela, pois além da baixa eficácia(6) já foram relatados casos de alergia no local do contato com a pele.

O uso de vitamina B1 (tiamina) por via oral como repelente parece ser benéfico em alguns casos, porém com poucos estudos disponíveis demonstrando a sua real eficácia. Acredita-se que ao ingerir a tiamina ela seja liberada pelo suor e o seu odor não seja tolerado pelos insetos. A dose recomendada é de 100 a 150mg/dia via oral diariamente, iniciando alguns dias antes da exposição ou mantendo a administração nos meses de verão (7-8). Pode ser formulada na forma de xarope ou encontrada em cápsulas 300mg (meio dose(150mg) para crianças) uma vez ao dia.


Orientação quanto à aplicação dos repelentes:


* NUNCA aplicar na mão da criança para que ela mesma espalhe no corpo. Elas podem esfregar os olhos ou mesmo colocar a mão na boca.


* Aplicar a quantidade e intervalo recomendados pelo fabricante, lembrando que a maioria dos repelentes atuam até 4cm do local da aplicação.


* NÃO aplicar próximo da boca, nariz, olhos ou sobre machucados na pele e seguir as orientações do fabricante guardando a bula ou embalagem para posterior consulta, em caso de ingestão ou efeitos adversos.


* Assim que não for mais necessário o repelente deve ser retirado com um banho com água e sabonete.


* NÃO permitir que a criança durma com o repelente aplicado. Apesar de seguro se usado corretamente o repelente é uma substância química e pode causar reações alérgicas ou intoxicações na criança quando utilizado em excesso.


* Em locais muito quentes (temperaturas maiores que 30 graus) ou em crianças que suam muito, os fabricantes recomendam reaplicações mais frequentes.


* Repelentes com hidratantes ou protetores solares devem ser evitados, pois essas associações não são recomendadas em crianças. Os repelentes reagem com os protetores solares e acabam por reduzir o efeito do protetor quando aplicados juntos. Pode-se aplicar o protetor solar e após 20 a 40 minutos realizar a aplicação do repelente escolhido.


* A apresentação em loção cremosa é mais segura do que a apresentação em spray e deve ser preferida nas crianças.


“Lembre-se que são doenças virais recentes, que necessitam de muitos estudos e não possuem vacina ainda. Não são transmitidas de pessoa para pessoa, mas se o mosquito picar uma pessoa contaminada irá transmitir o vírus para outra pessoa. O ser humano é receptor para este tipo de vírus, motivo pelo qual nos infectamos. Deve-se ter cuidado no uso de medicamentos em excesso, pois sobrecarregam o fígado, podendo produzir uma ação igual à hepatite C. Não usar o Ácido acetil salicílico, pode causar sangramento. A preocupação com

idosos e crianças é devido à imunidade que, estando baixa, acentua os sintomas das doenças pelo mosquito Aedes Aegypti podendo acentuar doenças que já existem. O uso de repelente não evita 100% a picada, mas protege muito. Deve-se usar roupas que não nos deixem expostos. A escolha do repelente deve ser cuidadosa. Procure auxílio na escolha. O auxílio da população na remoção deste mosquito dos ambientes é de

extrema importância. Não deixe água parada. Mantenha sua imunidade sempre em alta. Informe-se! ” Estela T. Feksa

(Farmacêutica da Boaformula Farmácia de Manipulação).

Referências:

1. Markus JR. Prurigo estrófulo - reação de hipersensibilidade induzida por picada de insetos. Pronap. 2014;17(2):71-82.

2. Arya SC, Agarwal N. Advice to travelers on topical insect repellent use against dengue mo squitoes in far North Queensland, Australia. J Travel Med. 2011 Nov-Dec;18(6):434; author reply

3. Stefani GPP, A.C.; Castro, A.P.B.M.; Fomin, A.B.F.; Jacob, C.M.A. Insect repellents: recommendations for use in children. Rev Paul Pediatr. 2009;27(1):81-9.

4. Chen-Hussey V, Behrens R, Logan JG. Assessment of methods used to determine the safety of the topical insect repellent N,N-diethyl-m-toluamide (DEET). Parasit Vectors. 2014;7:173.

5. Abd-Ella A, Stankiewicz M, Mikulska K, Nowak W, Pennetier C, Goulu M, et al. The Repellent DEET Potentiates Carbamate Effects via Insect Muscarinic Receptor Interactions: An Alternative Strategy to Control Insect Vector-Borne Diseases. PLoS One. 2015;10(5):e0126406.

6. Webb CE, Russell RC. Advice to travelers on topical insect repellent use against dengue mosquitoes in Far North Queensland, Australia. J Travel Med. 2011 Jul-Aug;18(4):282-3.

7. Ives AR, Paskewitz SM. Testing vitamin B as a home remedy against mosquitoes. J Am Mosq Control Assoc. 2005 Jun;21(2):213-7.

8. Ruiz-Maldonado R, Tamayo L. Treatment of 100 children with papular urticaria with thiamine chloride. Int J Dermatol. 1973 Jul-Aug;12(4):258-60.



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